Design Sprint: um novo olhar em 9 dias

Sumário

Quando falamos em inovação e no desenvolvimento de uma cultura voltada à inovação, várias práticas e programas vêm a nossa mente: intraempreendedorismo, programa de ideias, conexão com startups, hackathons etc. No entanto, há uma metodologia relativamente nova, que vincula as práticas de design com a agilidade no intuito de gerar, de maneira muito rápida, um novo produto ou processo. Essa metodologia se chama Design Sprint.

O método, criado em 2012, na Google Ventures, pelo designer Jake Knapp acabou se popularizando. Em 2017, Knapp e John Zeratsky, também da Google Ventures, lançaram o livro Sprint: o método usado pelo Google para testar e aplicar novas ideias em apenas 5 dias e, a partir daí, a metodologia de Design Sprint ficou conhecida ao redor do mundo.

Essa metodologia surgiu a partir de conceitos do Design Thinking de Entendimento, Ideação e Prototipagem. Com foco no usuário e na agilidade de processos de inovação, a técnica pode ser usada para criação de produtos e serviços, ou amadurecimento de um processo em curto espaço de tempo.

Um dos principais benefícios dessa metodologia é descobrir se uma ideia é boa ou não rapidamente. Ela consiste em identificar, investigar e validar um problema para, posteriormente, criar, desenhar, prototipar e testar uma solução com usuários reais. Tudo em apenas cinco dias!

Vantagens do Design Sprint

A principal vantagem desse método em relação a tantos outros que existem por aí é que ele pega um atalho bastante vantajoso. Ao invés de esperar para lançar um MVP (Mínimo Produto Variável) para descobrir se a ideia é boa ou não, processo esse que pode levar vários meses, o Design Sprint foca especificamente na validação da ideia com usuários e encurta o processo para 40 horas de trabalho.

Por muito tempo, o grande diferencial do Design Sprint foi ter uma equipe 100% imersa e dedicada ao desafio durante uma semana. No entanto, com a pandemia da Covid-19, isso deixou de ser possível. Todavia, algumas adaptações foram realizadas para que a metodologia se mantivesse eficiente, mesmo de maneira digital.

Aqui na Semente, adequamos a metodologia do Design Sprint para rodar num intervalo de 2 semanas – ou mais especificamente em nove dias. Sempre alternando entre dias focados no Sprint e dias de intervalos para que as pessoas envolvidas também possam desenvolver suas atividades e rotinas diárias.

Sabemos o quão difícil é para as grandes empresas conseguirem liberar seus colaboradores por dias seguidos, com a finalidade de fazer parte de um programa de inovação. Portanto, nossa estrutura mantém os períodos de imersão, importantes para a cocriação e discussão das ideias, ao mesmo tempo em que permite ao colaborador ou colaboradora ter tempo para as rotinas intrínsecas ao seu dia a dia.

Como funciona o Design Sprint nessa nova lógica?

Dia 1: Mapeie

A princípio, o time vai exteriorizar tudo o que eles sabem sobre um determinado processo a ser trabalhado. A expertise normalmente está espalhada em várias cabeças diferentes, e ter certeza de que todo mundo está começando alinhado é fundamental para o sucesso do programa.

Indicamos que toda equipe que irá realizar um Sprint tenha pelo menos sete pessoas, sendo que, obrigatoriamente, uma delas precisa ter conhecimento sobre o negócio; uma com conhecimento do processo a ser trabalhado e uma com conhecimento em marketing ou clientes. É interessante, mas não obrigatório, que se tenha ainda uma pessoa da área de TI e outra do design. Essas duas últimas podem agilizar uma etapa posterior que será a construção do protótipo com alta fidelidade.

Dia 2: Faça esboços

É o momento de rabiscar as ideias. As pessoas vão trabalhar individualmente colocando as soluções para determinado problema/processo no papel. A ideia é conseguir fazer o máximo possível, sem muita discussão em grupo no começo. Depois que todo mundo rabiscou, é hora do grupo todo olhar para cada um dos esboços e discutir como aquilo poderia funcionar. No fim, existe um sistema estruturado para criticar o trabalho e votar nas melhores soluções — tudo feito muito democraticamente.

Como já trabalhamos dois dias imersos, chegou o momento de voltarmos para nossas rotinas diárias e executarmos nossos afazeres. Portanto, no Dia 3, os times não trabalham na sua Sprint.

Vemos uma caderneta com algumas anotações (imagem ilustrativa). Texto: design sprint.

Dia 4: Decida

É o momento dos times retomarem suas ideias e escolherem aquelas mais votadas para criar o esboço final do novo processo a ser proposto. O objetivo deste dia é simplesmente filtrar as ideias, melhorá-las para, no fim, estruturar uma única ideia que será prototipada.

Além disso, nesse dia, inicia-se também o planejamento do protótipo que iremos lançar. Lembrando que esse protótipo precisa ter a maior fidelidade possível dentro do tempo que teremos de trabalho.

Dias 5 e 6: Prototipação

Esse é o momento, acreditamos, em que as equipes precisam se auto-organizar. Quem fará o quê? As sete pessoas precisarão participar desse momento? Esta etapa é quando a equipe busca otimizar seus recursos e, no caso, o recurso mais escasso é o tempo.

O intuito é que tenhamos os protótipos o mais próximo possível de como será a solução no final. Por isso, nessa etapa, buscar soluções junto a parceiros, startups ou Universidades também é uma opção.

Dia 7: Teste

É o dia de mostrar os protótipos para os potenciais usuários do novo processo, em sessões individuais. Isso é feito junto ao usuário que interage com algumas telas e vai dando feedback em tempo real sobre o que gosta e o que não gosta. No fim do dia, o time se reúne para discutir os feedbacks que receberam dos usuários e decidir se a ideia sobrevive ou não.

Lembrando que o protótipo não pode ser apresentado, mas sim mostrado ao usuário e coletado as percepções dele.

No oitavo dia, novamente, é o momento de fazermos mais uma pausa no Sprint para retornarmos às nossas rotinas.

Dia 09: Aprendizados

Por fim, no último dia do Sprint, olharemos todas as construções que tivemos até então para identificar o que precisamos alterar e quais os próximos passos para implementar o novo processo na empresa. Também faremos uma crítica ao nosso processo de Design Sprint, a fim de melhorarmos os próximos.

Relação entre design sprint e dinamismo organizacional

Atuamos durante nove dias (pulando o final de semana que possa ter) de maneira equilibrada, ao mesmo tempo em que conseguimos trabalhar num programa de inovação. Isso é o que chamamos de ambidestria organizacional: ao mesmo tempo que a empresa está sendo eficiente no presente, ela também está projetando o seu futuro.


Este texto foi escrito por Tamiris Dinkowski, consultora de Inovação Corporativa da Semente.

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A Semente desenha soluções de inovação que valorizam a vida, trazendo o impacto para o centro das tomadas de decisão em diferentes áreas. Somos uma empresa que visa contribuir para a evolução de ecossistemas de empreendedorismo, alavancar o empreendedorismo inovador como instrumento de mudanças socioambientais e aumentar as competências de inovação em grandes organizações. Acreditamos na inovação como meio e o impacto como fim. Por isso, em todas as nossas frentes de atuação, buscamos promover a prosperidade econômica, social e política através da inovação.

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